O que significa procurar os vários Brasis em 2022? De 28 de junho a 7 de julho, o Sesc Pinheiros realiza o seminário “Brasis – Territórios Dissonantes”, com a proposta de revisitar e atualizar, de uma perspectiva crítica e provocativa, as narrativas em torno da construção de nossa identidade e os cruzamentos históricos entre dois eventos tão relevantes para o Brasil atual: os cem anos da Semana de Arte Moderna de 1922 e os duzentos anos da Declaração de Independência do Brasil. A programação é formada por mesas, conferências e intervenções artísticas e integra a ação em rede “Diversos 22: projetos, memórias, conexões”, desenvolvida pelo Sesc São Paulo.
PROGRAMAÇÃO – 6 DE JULHO 19h às 19h35 – Praça (térreo)
APRESENTAÇÃO: TUDO DE NOVO
Com Beatriz Sano .
Este solo integra o projeto Solos Brasileiros: Danças para Villa-Lobos a convite da Oficina Oswald de Andrade de São Paulo, em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna.
TUDO DE NOVO parte da frase de Oswald de Andrade, “Vamos comer tudo de novo” escrito posteriormente à Semana, na Revista Antropofagia (1929). O recorte foi mote para a reflexão de não apenas repetir, mas fazer do caminho anterior uma outra experiência. Fazer e refazer a ação pela repetição, pela retomada, pelo ciclo, pela volta espiralada, abrindo brechas para que a novidade aconteça. Esta repetição não é a espera de algo novo, mas sim o reconhecimento do que já está ali, “apenas o mesmo ovo de sempre choca o mesmo novo”, como disse Leminski.
TUDO DE NOVO é também uma dança a partir das Bachianas #5 de VillaLobos que retoma várias vezes o corpo no tempo.
Beatriz Sano é coreógrafa, dançarina e professora. Graduou-se em Bacharelado e Licenciatura em Dança pela Unicamp. Desde 2009 faz parte da Key Zetta e Cia participando da maioria dos projetos do grupo. Em 2021 criou junto com Eduardo Fukushima o vídeodança O QUE MANCHA e em 2019 apresentaram com Michal Borzuch a instalação Les Flaneur em Varsóvia na Polônia com o apoio da Rolex Arts Institute. Ainda no mesmo ano, junto com Júlia Rocha, Isabel Ramos Monteiro e Eduardo Fukushima. Criaram o projeto DUAS PEÇAS PARA OUVIR. Em 2016 foi ao Japão aprofundar a técnica de Seitai-Ho e Teatro Nô que pratica no Brasil desde 2011 com Toshi Tanaka. Em 2015 ganhou o prêmio Denilton Gomes de bailarina revelação pelo espetáculo SIM da Key Zetta e Cia. Em 2013 foi contemplada pela bolsa Rumos Itaú Cultural na carteira de residência artística. Também, vem desenvolvendo seus próprios trabalhos: Solo (2014), Estudo de Ficção (2017) e tudo de novo (2022). Atualmente, cursa o mestrado em Artes da Cena na Unicamp com a orientação de Cassiano Quilici, e é professora da Escola Livre de Dança de Santo André.
20h às 21h30 – Teatro Paulo Autran – ENCONTRO: LIVROS-POVOS – A LITERATURA INDÍGENA MACUXI E TAUREPANG
Com Julie Dorrico | Mediação: Sesc São Paulo.
Quando um/a autor/a indígena publica um livro projeta a partir dele suas origens de povo, língua (quando existente) e valores culturais. Nesse sentido, conhecer um livro indígena significa se aproximar da diversidade pluritétnica (ou plurinacional) no Brasil. Neste território nacional, segundo o censo de 2010 (IBGE) existem 305 povos falantes de 274 línguas originárias. Proponho falar do livro que mais se aproxima da minha identidade de povo. Assim, por meio da literatura indígena gostaria de apresentar a minha obra que invoca Makunaima, como entidade pertencente à nossa cultura; a poesia de Sony Ferseck, também escritora Macuxi; e Clemente Flores (Taurepang) e Devair Fiorotti não indígena). Nós, embora povos diversos compartilhamos um pluriterritório e por meio da letra buscamos fortalecer nossas culturas publicando livros, projetando povos, por isso, livros-povos.
Julie Dorrico pertence ao povo Macuxi. Doutora em Teoria da Literatura na PUCRS. Mestre em Estudos Literários e licenciada em Letras Português pela UNIR. É poeta, escritora, palestrante, pesquisadora de literatura indígena. Venceu em 1º lugar o concurso Tamoios/FNLIJ/ UKA de Novos Escritores Indígenas em 2019. Administradora do perfil @ leiamulheresindigenas no Instagram e do canal no YouTube Literatura Indígena Contemporânea. Curadora da I Mostra de Literatura Indígena no Museu do Índio (UFU). Autora da obra “Eu sou macuxi e outras histórias” (Caos e Letras, 2019).
Sobre o projeto Diversos 22 Diversos 22 – Projetos, Memórias, Conexões é uma ação em rede do Sesc São Paulo, em celebração ao Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 e ao Bicentenário da Independência do Brasil em 1822, com atividades artísticas e socioeducativas, programações virtuais e presenciais em unidades na capital, interior e litoral do estado de São Paulo, com o objetivo de marcar um arco temporal que evoca celebrações e reflexões de naturezas diferentes, mas integradas e em diálogo, acerca dos projetos, memórias e conexões relativos à efeméride, no sentido de discuti-los, aprofundá-los e ressignificá-los, em face dos desafios apresentados no tempo presente. A programação teve início em setembro de 2021, com a realização do Seminário “Diversos 22: Levantes Modernistas”, e encerra-se em dezembro de 2022.