O primeiro álbum da artista – REVOLTA – traz uma nova roupagem tanto nas letras, como na forma de se portar e vestir-se. Trajada de uma personagem que cansou dos modelos opressivos do sistema, e das marcas que carrega, ela canta o empoderamento, acertos de conta e justiça. As novas letras carregam uma a uma, as vivências e dores, que a realidade que somos inseridos como sociedade, trouxe para esse corpo indígena, periférico e homossexual. Na contra realidade de tutores religiosos, brancos e conservadores.
Trazendo o contraste das disparidades e como isso se tornou sobre a sobrevivência desse espírito que destoava no meio de tanta falta de compreensão. Cada passo longe da própria história trouxe caminhos sem sentido e com dores que perduraram. Mas a revolta como potência, trouxe-a de volta para si mesma. A história de retomada de um corpo, de uma vida, de uma identidade… A volta para casa interna. Não mais ignorando toda a ferida, mas cantando sobre ela. Trazendo luz e cura através da potência que a ira e a revolta podem conceder. Saindo da dualidade binarista de emoção “boa” e “ruim”. Sendo um salto da ótica simplista dos sentires que temos que ter orgulho por serem “leves”, e levando a integridade de emoções, que usadas de forma catalisadora, nos entrega a força que precisamos para nos movimentar.
Indígena do povo Boe Bororo, suas letras discutem pela óptica indígena a demarcação de terras, o resgate da ancestralidade, o indígena no contexto urbano, o uso indiscriminado de sua cultura e a forma como é tratado no Brasil, em especial o grupo indígena LGBTQI+.