A partir da pesquisa de diferentes artistas visuais negras participantes do Coletivo Trovoa, três performances serão apresentadas: “Passeio Tropical “de Sheyla Ayo, “Pelo Bilro e pelo Espinho” de Jucelia Bernardo e “Cicatrizes” de Lidia Lisboa. Os trabalhos trazem muitas respostas sobre os novos passos, caminhos e linhas em direção ao novo rumo nas artes visuais, o negro como agente da arte , como criador e pensador dos seus conceitos e expressões.
A intenção é ter artistas visuais negras perfomando em espaço aberto, não mais como corpo-objeto estereotipado, como muitas vezes foram retratados pelos modernistas, mas como corpos criadores de uma estética que transcende o próprio corpo.

Passeio Tropical
A artista passeia e dança com roupas brancas entre os transeuntes, criando um dialogo enquanto se alimentam de frutas e flores. Atabaques marcam os seus passos num ritmo orgânico e cadenciado. O corpo negro da dita “baiana fogosa”, da preta encantada que, por sua vez, conta sua história e é agente no espaço público. A artista que produz a ação e a sua própria arte. A performance é um contraponto a pintura “Tropical” (1917) de Anita Malfatti que foi exposta primeiramente como “Negra Baiana”.

Cicatrizes
Cada pedaço de retalho é uma história, de cada mulher que apanha, que é machucada e violada em sua existência e em sua pele , mas que ressurge forte e plena para recomeçar. A artista caminha com o objeto trançado com retalhos sob o corpo, interagindo com as pessoas.

Pelo Bilro e pelo Espinho
Performance na qual a artista permanece sentada por três horas, enquanto duas rendeiras tecem uma renda de bilros em minha cabeça, que serve de base no lugar da característica almofada, até envolvê-la por completo em uma trama de fios de palha e longos espinhos de mandacaru.