O filme faz um resgate histórico e cultural daquele que é o personagem ficcional mais identificado com um certo jeito de ser brasileiro. A começar por Makunaima, mito de origem de etnias da tríplice fronteira Brasil-Venezuela-Guiana, registrado em livro pela primeira vez no início dos anos de 1910, pelo etnólogo alemão Koch-Grünberg. É ele quem faz a ponte entre o extremo norte da América do Sul com o Brasil não-indígena, por meio de Mário de Andrade, célebre autor da rapsódia Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de 1926.

Em 1969, Joaquim Pedro de Andrade lança a sua versão dessa história, o filme mais censurado do Cinema Novo. Em 78, Antunes Filho leva Macunaíma para o teatro. Em 1983, Macunaíma volta para o cinema como Exu-Piá, de Paulo Veríssimo, filme selecionado para o Festival de Berlim em 1985, mas não exibido. Com depoimentos em português, alemão, espanhol, macuxi e taurepang, o filme retorna a esse personagem que já nasce múltiplo e segue contemporâneo.

FICHA TÉCNICA
Direção: Rodrigo Séllos. Argumento: Klaus Schmaelter e Rodrigo Séllos. Pesquisa: Juliana Colares e Klaus Schmaelter. Roteiro: Juliana Colares. Assistente de Direção: Klaus Schmaelter. Som direto: Cláudio Lavôr, Gian Ciminelli e Hudson dos Santos. Produção: Letícia Friedrich e Thiago Chaves Briglia. Direção de Fotografia: Julio Costantini e Marcelo Paternoster. Produtores Executivos: Letícia Friedrich e Thiago Briglia
Direção e Montagem: Rodrigo Séllos. Edição de som e mixagem: Cláudio Lavôr

SOBRE O DEBATE:

Avelino Taurepang (líder Taurepang)
Avelino é agricultor, reside da terra indígena Raposa Serra do Sol, numa aldeia Taurepang chamada Bananal. É neto de Akuli Taurepang, narrador original do mito de Makunaimã ao etnógrafo Theodor Koch-Grunberg

Roseane Cadete (educadora)
É Wapichana dos lavrados de Roraima. Educadora, pesquisadora e historiadora. É professora na Escola Estadual Indígena Tuxaua Luiz Cadete na aldeia Canauanim. Tem especialização em História da Amazônia (UERR) e Mestrado em Sociedade e Frionteira(UFRR). Defende que devemos mostrar nossas histórias através da arte.

Deborah Goldenberg (antropóloga e escritora)
Nascida em nasceu em São Paulo, em 1975, Deborah é antropóloga formada pela London School of Economics e mestre em Estudos de Desenvolvimento pela mesma universidade. Desde 1998 trabalha no Nordeste e Norte do Brasil com projetos de desenvolvimento socioambiental, vivência que a permitiu vasto conhecimento das culturas tradicionais que influenciam sua literatura. Autora de Valentia (Ed. Grua, 2012), romance vencedor do PROAC do Governo de São Paulo/2011, finalista dos prêmios Jabuti e Machado de Assis (Biblioteca Nacional) 2013. Seu primeiro livro para o público juvenil é Antônio Descobre Veredas (Ed. Biruta, 2014). É curadora na área de poéticas indígenas para centros culturais como Casa Mário de Andrade, Casa das Rosas, Oficina Oswald de Andrade e SESC. Em 2019, publicou o livro de poemas Idílios (Ed. Riacho) e, também, a dramaturgia Makunaimã – O Mito Através do Tempo (Ed. Elefante), premiado pelo extinto MinC em edital comemorativo da Semana de Arte Moderna de 1922.