Publicados sob o selo Diversos 22, títulos inéditos e reedições refletem dois acontecimentos-chave na trajetória do país

As Edições Sesc São Paulo lançam até o final do ano uma série de livros, entre inéditos e reedições, que, de alguma forma, refletem dois acontecimentos-chave na trajetória do Brasil: a sua Independência, cujo bicentenário será celebrado em setembro próximo, e a Semana de Arte Moderna, que em fevereiro passado completou cem anos de sua realização.

O primeiro marco, com viés político e social, definiu os passos trilhados pela nação à medida que se emancipou da coroa portuguesa. De lá para cá, o país acumula histórias e lições que continuam servindo para os dias atuais.

Já a Semana de 1922 foi, sem dúvida, um dos principais movimentos artístico-culturais e divisor de águas na cultura brasileira. A ruptura com a construção clássica e o olhar sobre o Brasil tal como ele é impactaram as áreas das artes como um todo, incluindo a pintura, a literatura, a música e a arquitetura.

Todos os títulos – alguns em coedição com a Editora Perspectiva e outros com apoio cultural da Biblioteca Mindlin – integram o Diversos 22: projetos, memórias, conexões, ação que o Sesc São Paulo realiza ao longo deste ano com atividades que abordam os dois temas, os quais, inclusive, serão destaque na programação do estande das Edições Sesc na 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece de 2 a 10 de julho de 2022. Confira:

 

LIVROS DAS EDIÇÕES SESC SÃO PAULO

Mario de Andrade, epicentro: correspondência e sociabilidade no Grupo dos Cinco
Mauricio Trindade

Por meio da análise da correspondência entre Mario de Andrade e o Grupo dos Cinco (Menotti del Picchia, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti), o livro busca ampliar a compreensão da centralidade do autor de Macunaíma na constituição do modernismo brasileiro, e seu papel de influenciador e fomentador da arte e da cultura nacionais.

 

Tarsila do Amaral, a modernista
Nadia Battella Gotlib

Nesta biografia, já na sexta edição, a professora e ensaísta Nádia Battella Gotlib recria a trajetória libertária de Tarsila do Amaral, debruçando-se sobre sua vida privada, sua formação artística, o circuito modernista, o movimento Pau-brasil e a Antropofagia, detalhando o empenho e a resistência da pintora em prol de sua diversidade tanto artística quanto afetiva-pessoal. 

 

Lirismo + crítica + arte = poesia: um século de Pauliceia desvairada
Maria Augusta Fonseca e Raúl Antelo (org.)

Publicada por Mario de Andrade em 1922, mesmo ano da Semana de Arte Moderna, Paulicéia desvairada é um marco da literatura brasileira e da estética modernista. Proposta como uma celebração dos cem anos de publicação dessa obra, Lirismo + crítica + arte = poesia reúne críticos literários e pesquisadores que concebem análises sobre cada um dos 22 poemas que compõem Paulicéia desvairada. A obra também comporta um diálogo intersemiótico em que cada um dos poemas é ilustrado por um gravurista, desenhista ou fotógrafo.


O drama impossível: Teatro modernista de António de Alcântara Machado, Oswald de Andrade e Mario de Andrade      
Sérgio de Carvalho

Oriunda do doutorado do encenador e docente Sérgio de Carvalho, a obra analisa três autores fundamentais do início do século 20. Com base em suas obras, Carvalho concebe o teatro como um espaço de interpretação da sociedade brasileira, apesar da estreita relação dos três com as oligarquias paulistas dos anos 1920.


MPB na vitrola de Mario de Andrade (2ª edição revista e ampliada)
Flavia Camargo Toni (org.)

Ao ouvir os discos de seu acervo, Mario de Andrade anotava suas impressões em cartolinas numeradas que os encapavam. Esta obra torna públicas essas anotações, antes inéditas, de 161 discos, contextualizadas por cartas e artigos, e acompanhadas por fonogramas acessíveis por QR codes. A 2ª edição revista e ampliada traz novas informações artísticas e técnicas sobre a discografia, mais fonogramas e índices remissivos, além de textos de Maurício de Carvalho Teixeira, da organizadora e da pesquisadora Biancamaria Binazzi. 

Semana de 22: metrópole, arquitetura e modernismo
Miguel Antônio Buzzar (org.)

Sem desmerecer o inquestionável valor da Semana de Arte Moderna para a cultura brasileira, esta coletânea de artigos lança um olhar crítico para a presença marginal da arquitetura no evento, a exemplo de outras artes que receberam atenção secundária. Ao tensionar lugares comuns na historiografia da arquitetura brasileira, a obra questiona a conexão um tanto acrítica da Semana de 1922 com a emergência de uma cultura arquitetônica moderna no país.

Cinema e educação: a emergência do moderno (1920-1930)
Rosana Catelli

O livro estabelece um panorama do que foi o cinema educativo no início do século 20, discutindo os desdobramentos da relação entre a sétima arte, a história e a educação no Brasil, entre os anos de 1920 e 1930. Reflete a respeito das concepções de cinema nacional, cinema educativo e cinema documentário no período, além de investigar a inserção do cinema no contexto cultural daquele momento.


LIVROS DAS EDIÇÕES SESC EM COEDIÇÃO COM A EDITORA PERSPECTIVA

1822: dimensões (2ª edição)
Carlos Guilherme Motta (org.)

As discussões sobre o significado de 1822 na nossa história estão na ordem do dia. A principal contribuição desta coletânea de textos é proporcionar ao leitor a compreensão da amplitude do processo de emancipação política do Brasil, a partir de suas categorias mais genéricas até as manifestações mais específicas.

Nordeste: 1817 (2ª edição)
Carlos Guilherme Motta

O objetivo central desta obra é investigar o que os insurgentes nordestinos de 1817 pensavam de sua 'revolução'. Descobrir as variáveis que interferiram nos diagnósticos realizados naquele momento privilegiado para o estudo da mentalidade nordestina e, em certa medida, brasileira. O autor a atinge plenamente, para compreendermos hoje as maneiras de percepcionar dos homens que assistiram à Independência de 1822 no Nordeste.

 

LIVROS DAS EDIÇÕES SESC COM APOIO CULTURAL DA BIBLIOTECA MINDLIN

Semana de 22: olhares críticos
Marcos Antonio de Moraes (org.)

Coletânea de ensaios escritos por especialistas nas áreas de literatura, sociologia, história, cinema e cultura brasileira com o objetivo de reavaliar criticamente o legado da Semana de 1922 a partir de múltiplos ângulos interpretativos.

 

Modernismo: o lado oposto e os outros lados
Elias Thomé Saliba (org.)

Coletânea de ensaios que refletem sobre a memória e o esquecimento envolvendo o modernismo no Brasil a partir da experiência artística e cultural da Semana de Arte Moderna de 1922. Mais do que pensar sobre sua essência e seus desdobramentos, os ensaios discutem as diferenças entre os ideais do modernismo e da modernidade face à realidade nacional da época, considerando o alijamento das linguagens culturais populares, diversificadas e plurais, provocado pela Semana.

 

São Paulo na disputa pelo passado: um monumento à Independência de Ettore Ximenes
Michelli Cristine Scapol Monteiro

Analisa o processo de estabelecimento do Monumento à Independência como “lugar de memória” da emancipação política brasileira. Criado no contexto das comemorações do centenário da Independência, o monumento tornou-se elemento central dos festejos paulistas e revelou-se como um projeto de afirmação da cidade de São Paulo como centro simbólico do país, num embate evidente com a cidade do Rio de Janeiro na criação de uma história oficial brasileira.

 

Independência: memória e historiografia
Wilma Peres Costa e Télio Cravo (org.)

Coletânea de ensaios trazendo perspectivas que fogem das análises comuns à Independência do Brasil e suscita novos olhares sobre o tema, divididos em cinco partes: “Os ecos da independência”, “O futuro da memória”, “Conexões”, “Espaços e fronteiras” e “Outras vozes". Discute as comemorações da Independência em perspectiva histórica; o lugar dessas comemorações na memória social; as principais linhas de força do debate historiográfico atual sobre a questão; as continuidades e rupturas da formação da nação brasileira; e as representações, vozes e lutas das minorias no desenho dessa nova ordem nacional.

 

Um boxeur na arena: Oswald de Andrade e as artes visuais no Brasil (1915-1945)
Thiago Gil de Oliveira Virava

A obra investiga as artes visuais na experiência intelectual e criativa do poeta e escritor modernista Oswald de Andrade (1890-1954). São analisados não apenas seus textos sobre arte, mas também a presença das artes visuais nos livros de poesia Pau Brasil (1925) e Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927), assim como nos romances Os condenados (1922-1934) e Marco zero (1943-1945).