A partir da segunda metade do século XX, surgem interpretações de diferentes áreas de conhecimento, em especial dos estudos sobre as artes no Brasil, sobre a "Semana de Arte Moderna de 1922", que contribuíram para projetá-la como uma referência decisiva, nos âmbitos artísticos e estéticos. 

As muitas conceituações e reinterpretações elaboradas sobre esse acontecimento, sobre a trajetória de seus participantes e de um conjunto de artistas que orbitaram entorno destes, bem como as influências e reverberações de suas diferentes expressões sobre artistas de períodos posteriores, demonstram sua força simbólica, o que colaborou para sua longevidade como fato histórico. Longe desse lugar de centralidade e do significado paradigmático, como ocorrência incontornável da arte moderna brasileira, ocupada pela Semana de 22, a partir da década 2000, nas periferias da cidade de São Paulo, emerge uma série de ações e produções literárias, que num movimento crescente no decorrer das últimas décadas, tornou-se um fenômeno de grande importância, expandindo-se para além de sua dimensão artística e se projetando como um projeto estético- político, que nasce do anseio de criação original de culturas e sociabilidades periféricas, dos territórios pobres e marginalizados.

Que significados podemos depreender entre esses dois acontecimentos distantes e distintos? Há pontes de ligação entre as bases da antropofagia dos modernistas e a canibalização artística empreendida pelos escritores periféricos? Quais são os sentidos e pensamentos para essas gerações, que nasceram e vivem em rincões marginalizados, sobre a Semana de Arte Moderna de 22?

A web série "Carta aos Modernistas da Semana de 22", uma parceria entre o Sesc Santo Amaro e a produtora Cine Becos filmes convoca 8 escritoras/es de territórios periféricos da zona sul da cidade de São Paulo a escreverem cartas aos seus colegas da Semana de Arte Moderna de 1922.  Neste primeiro episódio temos a participação de Elizandra Souza, criadora da editora Mjiba, autora do livro Águas da Cabaça (2012). 

Elizandra dedica sua carta a todas/os que não participaram da Semana de Arte Moderna de 22, a todas/os que não adentraram ao Teatro Municipal da cidade de São Paulo, aos que sobem as escadas e só entram pelas portas de serviço.

Confira:

Para assistir aos demais vídeos da série, é só acessar as redes do Sesc Santo Amaro: Facebook, Instagram, Twitter e Youtube.